Um pequeno relato sobre independência e vaidade infantil
Ela chorou antes de sair de casa porque queria ir pra escola de botas. Botas. Num calor de 35 graus. Anda no ápice da luta por independência e da vaidade infantil até agora.
Provou todos os sapatos do guarda roupa enquanto eu dizia que estavam todos pequenos ou sujos ou eram inadequados pra escola. Depois de muito drama e ameaças (minhas) de ir descalça pra aula ela aceitou calçar o tênis de sempre.
Antes disso, enquanto arrumava seu cabelo, ela reclamou porque não queria o “penteado de dois coques” pois ele era coisa de bebezinho. Deu trabalho convencer do contrário. Pra dar o seu toque – e não o braço a torcer que ficou fofo – ela foi lá e escolheu uma presilha.
Depois, chegou perguntando: “você tem um batom clarinho pra me emprestar, mãe?”. Antes que eu pudesse responder, achou por conta própria um batom rosa cintilante na minha necessaire, passou e perguntou se tinha borrado.
– Borrou um pouco, filha.
– Não Borrou nada, ficou ótimo.
(Então porque perguntou, cara pálida?).
Disse que queria passar perfume, mostrei onde estava o que a vovó deu de presente.
– Não esse, aquele do vidro de borboleta que é de criança grande.
Foi lá, tomou um banho dele e do outro cômodo eu já podia sentir o cheiro.
Antes de sairmos, correu lá no quarto e pegou seu óculos de sol.
– Agora sim, podemos ir, mãe.
E ela só tem 5 anos…
*** — ***
Esse é mais um post da série Crônicas Maternas, que contam de maneira leve, divertida (e principalmente realista) os acontecimentos do nosso dia a dia. Qualquer semelhança com a sua vida de mãe, não é mera coincidência 🙂