O triste dia de contar sobre o desmame da Clara
Há vários dias, quando penso em escrever algum post para o blog (e isso acontece várias vezes por dia) uma frase sempre martela na minha cabeça: “a gente faz o que pode”. Fiquei me perguntando o porquê disso, por que meu cérebro – ou meu inconsciente – queria me dizer isso. Daí que comecei a pensar em como escrever sobre uma coisa que já me tirou o sono e que ainda me deixa um pouco chateada: o desmame da Clara. E essa frase “a gente faz o que pode” passou a fazer bastante sentido
Há cerca de dois meses, quando a Clara começou a se alimentar de outras coisas além do leite (até então revezávamos o LM com o LA, quando eu não estava em casa) eu parei de amamentar no meu horário de almoço. Isso significou uma redução ainda maior das mamadas, eu dava o peito apenas de manhã e a noite, antes dela dormir.
Foi aí que, para minha tristeza, minha produção de leite começou a diminuir a cada dia, até que chegou o momento em que percebi que o que eu tinha a oferecer não era mais suficiente pra necessidade dela. Ela mamava no peito e, meia hora depois, reclamava de fome.
A Clara passou a acordar de madrugada querendo mamar, coisa que ela não faz, e isso me deixava extremamente cansada, já que acordo cedo e trabalho o dia todo. Pra tentar reestabelecer a rotina do sono dela, comecei a dar mamadeira a noite. E funcionou, ela voltou a dormir a noite inteira.
Foram alguns dias amamentando apenas de manhã, até que eu me dei por vencida: não dava mais pra amamentar. Os dias foram se passando e, pra minha surpresa, meu peito nunca mais ficou cheio novamente (ainda achava que depois de uns 3 ou 4 dias, no máximo, teria que tirar com a bombinha).
Ontem fez duas semanas desde que amamentei pela última vez. E confesso que esse momento, que eu sempre curti tanto, me faz falta. Faz muito mais falta pra mim, afetivamente, do que pra ela, aliás, pois, felizmente, ela não demonstrou nenhum incômodo por ter parado de mamar no peito.
Pra mim, amamentar foi uma das experiências mais fantásticas que a maternidade me apresentou. É realmente, como muitas mães descrevem, um momento só nosso e de nossas crias. Mais do que alimentar fisicamente, é trocar carinho, contemplar a maravilha da vida, curtir mesmo esse período tão mágico. Mas sei que isso pode – e será – feito de outras maneiras a partir de agora. Maneiras não menos felizes e recompensadoras.
Às vezes fico pensando se não deveria ter persistido mais. Se, como diz o ditado, não era melhor continuar a pingar do que secar. Mas estou me conformando de que foi um processo natural e que eu fui até onde foi possível, que eu fiz mesmo o que eu pude.
Graças a Deus, minha filha é extremamente saudável, se alimenta muito bem, gosta de tudo o que experimentou até agora e se adaptou super bem ao leite artificial e à mamadeira. E, pra mim, isso é o bastante pra me fazer feliz, ainda que o pensamento “poderia ter feito melhor” insista em surgir de vez em quando.