o que motivou nossa decisão
No final do ano passado eu me vi diante de uma grande e difícil decisão a ser tomada: permitir ou não que a Clara fosse para a primeira série do fundamental antes de completar 6 anos. Pra ser mais clara, bem antes de completar 6 anos, já que ela só faz aniversário em setembro! Afinal, é indicado ou não uma criança de 5 anos no ensino fundamental? Talvez não saiba responder essa pergunta, mas vou contar um pouco sobre a nossa situação em particular e sobre o que motivou a nossa escolha, depois de muito pensar e avaliar.
Pra contextualizar quem não nos acompanha com mais frequência, vou fazer um resuminho da vida escolar: Clarinha entrou na escola em outubro de 2013, logo após completar 2 anos. Na época achamos que seria ótimo pra ela, principalmente por ela conviver e poder brincar com outras crianças, já que isso quase não acontecia no nosso dia a dia em casa. Ela amou a escola desde o primeiro dia. Teve uma adaptação super tranquila, como eu contei neste post, e pouco tempo depois já notávamos que o convívio escolar estava sendo muito bom para o desenvolvimento dela.
Nos anos seguintes, isso foi se repetindo, ela fez muitos amigos e sempre conseguiu acompanhar bem a maioria das atividades propostas pelas professoras, de acordo com o esperado para a faixa etária da turma. Por outro lado, e acho importante falar disso pois foi uma das coisas que me deixaram em dúvida, ela sempre foi uma das crianças mais novas (por só fazer aniversário em setembro) e também mais piticas da turma (digamos que ela sempre foi um pouco “baixinha” pra idade dela). Mas nas reuniões e conversas com as professoras e coordenadora da escola, isso nunca foi apontado como um problema – pelo contrário, sempre nos disseram que a Clarinha era super participativa e até gostava de liderar a turma (algo que eu noto fora da escola também).
Pois bem, eis que no ano passado ela fez o que na escola dela eles agora chamam de Pré 1 (porque, meu Deus, não há uma nomenclatura padrão no ensino infantil? Cada escola dá o nome que quer e a gente fica perdida quando vai conversar com outras mães, né?). Foi tudo muito bem durante o ano, avaliações positivas e tal…e em novembro aquela coisa que as crianças se dedicam por semanas pra fazerem os pais morrerem de orgulho – e de chorar – e se perguntarem “quando foi que ele cresceu tanto?”: a formatura! Foi a coisa-mais-linda-de-mamãe! Teoricamente, o fim de um ciclo especial que é a educação infantil.
E agora voltamos ao início desse post. Logo após a formatura, sabia que estava chegando o momento de decidir se manteria ela no Pré novamente ou se deixaria ela “seguir o fluxo” e ir para a primeira série. Na verdade, até então eu estava decidida a mantê-la no Pré, mas aí começaram a surgir outros “fatores” a favor da ida dela para o primeiro ano e eu comecei então a avaliar e repensar essa decisão. Vou colocar aqui uma listinha que eu fiz pra tentar tomar a melhor decisão.
Prós e contras matricular a Clara com 5 anos no ensino fundamental
Contras:
– Pode ser que ela ainda não tenha maturidade suficiente para todas as responsabilidades dessa fase.
– Ela é uma das mais novas da turma. Aliás, ela é nova de maneira geral..rs
– Pode ter dificuldade pra acompanhar o ritmo do restante da turma
– Não acho que devemos ter pressa pra alfabetizá-la.
– Pode ser que tenha dificuldades pra acompanhar o conteúdo mais pra frente, lá pela quarta série.
– E se ela se sentir inferiorizada por ser a menorzinha da sala?
– Na rede municipal e estadual (e em algumas escolas particulares da cidade) ainda vale a data de corte de 31 de março. Ou seja, a criança precisa completar 6 anos até esta data para poder ser matriculada no primeiro ano. Se tivermos que transferi-la de escola depois, talvez ela tenha que repetir a primeira série de qualquer jeito.
– Opinião de especialistas que são contra a matrícula de crianças menores de 6 anos no ensino fundamental, como os ouvidos nesta matéria
Prós:
– A professora e a coordenadora da escola são a favor da ida dela para o primeiro ano, acreditam que ela não teria nenhum problema pra acompanhar a turma;
– Mostra ter a maturidade suficiente pra essa nova fase, apesar da pouca idade;
– Continuaria na mesma sala que os amiguinhos de turma do Pré;
– Já demonstra naturalmente interesse em escrever, nas letras e palavras;
– Foi bem em todas as avaliações que a escola faz ao longo do ano, tanto do ponto de vista de comportamento/desenvolvimento quanto do ponto de vista pedagógico;
– Evitaríamos de pagar mais um ano de mensalidades ao longo da sua vida escolar (sim, isso também entrou na balança, porque né?);
– Quando consultada, ela dizia que queria ir para o primeiro ano (apesar de eu saber que ela nem faz muito ideia do que isso significaria..rs);
– O marido, família e amigos em geral com quem conversei eram a favor dela ir para o primeiro ano;
– Avaliando, eu realmente acredito que ela conseguirá acompanhar tranquilamente as atividades e “deveres” da série e do processo de alfabetização;
– Na escola dela, as salas do Primeiro Ano ainda ficam na parte onde estudam as crianças do ensino infantil, então não ocorreria uma mudança muito “drástica” no convívio e na estrutura com relação aos anos anteriores;
– A coordenadora me garantiu que, caso notássemos que ela não estava dando conta de acompanhar o primeiro ano, poderíamos voltar para o Pré;
– Em reunião com os pais, a diretora da escola passou muitas informações sobre essa fase de ingresso no ensino fundamental e garantiu que eles fazem essa transição o mais tranquila possível para as crianças, não exigindo um monte de conteúdo nem cobrando além da conta (não há provas, por exemplo, como acontece em outras escolas). Isso me tranquilizou bastante.
Pois bem, acho que esses foram os pontos principais que me nortearam na hora de tomar essa decisão. Pesei todos os prós e contras, conversei com a escola, com o marido, pensei e pensei mais um pouco e resolvi que deixaria ela seguir para a primeira série!
O que mais pesou na decisão, foram dois desses fatores: a avaliação positiva e incentivo da professora e coordenadora, que garantiram que a Clara teria condições de acompanhar normalmente as atividades da primeira série e o fato de na escola esse Primeiro Ano ainda manter muitas atividades lúdicas, como as brincadeiras no parquinho e não aplicar provas. Tinha muitas dúvidas sobre esse processo, mas a certeza de que não acho que crianças com 5-6 anos tenham que ser exaustivamente cobradas por resultados, para saberem ler e escrever, etc. Acredito que ela ainda vai ter bastante tempo mais adiante pra correr atrás de “boas notas” e ser cobrada por isso. No momento, ela ainda é uma criança que precisa, claro, ter seu desenvolvimento e inteligência estimulados, mas também precisa brincar e ter tempo pra ser apenas criança!
Espero, daqui um tempo, poder dizer que tomamos a decisão certa. Até o momento, com apenas 3 semanas de aula, tá tudo tranquilo. Quer dizer, tirando o fato da Clara chegar todo dia reclamando: “-Mãe, eu AINDA não aprendi a ler e escrever, acredita?” hahaha
Calma, menininha, tudo no seu tempo!
E por aí, mais alguém passando por essa fase? O que vocês pensam a respeito desse assunto? Sei que é uma escolha particular e pessoal de cada família, mas queria saber a opinião de vocês também. 🙂