Dormir na cama dos pais faz mal ao bebê? Entenda os riscos
Um pesadelo assustador, medo do escuro ou receio da solidão. Há diversas razões que motivam as crianças a darem uma escapadinha do seu quarto e dividirem a cama com os pais. Esse nem sempre é o cenário ideal para recusas, o que faz com que a companhia seja frequentemente aceita de bom grado.
Às vezes, são os próprios adultos que possuem dificuldades em lidar com a separação dos filhos. Nesses casos, dormir com os pequenos pode ser uma maneira de compensar a ausência do cotidiano corrido.
Para quem cultiva esse hábito, em especial, há um aviso importante. Embora pareça um hábito inocente, ele pode prejudicar o desenvolvimento infantil e, dependendo da idade do pequeno, até mesmo ser fatal.
Dividir a cama pode trazer riscos?
Engana-se quem pensa que não há nenhum problema em dividir a cama com os seus filhos. Pelo contrário, esse hábito, que é polêmico entre os especialistas, traz uma série de possíveis riscos para o desenvolvimento infantil.
Ter algum adulto por perto pode se tornar uma muleta ou um suporte para o sono, fazendo com que a criança tenha dificuldades em adormecer sozinha. Outra consequência disso é que os pequenos podem apresentar comportamentos ansiosos na hora de dormir. Na maioria das vezes, isso é uma tentativa, mesmo que involuntária, de conseguir um espacinho na cama dos pais.
Além de piorar a qualidade do sono tanto dos adultos quanto das crianças, pesquisas ainda apontam que o compartilhamento pode impulsionar prejuízos à saúde mental de crianças com até 6 anos, incluindo transtornos comportamentais, ansiedade e depressão. Mas, não para por aí.
Os riscos são maiores para recém nascidos
Para os bebês recém-nascidos com menos de quatro meses ou prematuros, os perigos de compartilhar a cama são ainda maiores. Somente nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 3,5 mil bebês morrem anualmente, devido a questões relacionadas ao sono.
Estudos apontam que dormir com os pais pode aumentar o risco de morte súbita infantil. Embora não haja consensos claros sobre as causas para a condição, ela pode ser desencadeada pela posição em que a criança dorme. As mais perigosas costumam ser de lado e de bruços.
Mesmo quarto, camas separadas
Nos seis primeiros meses de vida, portanto, a recomendação é que o bebê até durma no mesmo quarto que os pais, mas não na mesma cama. Além de facilitar a amamentação, isso pode ajudar na identificação e prevenção de possíveis acidentes.
O recém nascido deve ser colocado para dormir de barriga para cima em um berço plano e firme, com inclinação inferior a 10%. Para prevenir sufocamentos, devem ser evitados brinquedos, pelúcias, almofadas e protetores de berço. Cobertores também não são indicados. No inverno, os pequenos devem ser agasalhados com roupas mais quentes.
Mãe, mas eu tenho medo do escuro…
Conforme os filhos crescem, nem sempre será possível negar uma soneca compartilhada, mas é essencial tomar cuidado para não tornar isso parte da rotina. Uma das principais estratégias para evitar a divisão de cama é preparar o terreno para uma boa noite de sono, cultivando uma rotina organizada e incentivando a autonomia.
Perto da hora de dormir, a recomendação é evitar a ingestão de alimentos gordurosos ou doces, a prática de exercícios físicos e o uso de telas. Além disso, vale criar alguns rituais para introduzir a criança ao momento de descanso. Colocar o pijama, escovar os dentes, contar uma história – com final feliz, é claro – e cantar uma canção de ninar podem afetar positivamente a qualidade do sono.
A chave é ir aos poucos. Uma possibilidade é esperar ao seu lado até a criança pegar no sono, combinar um tempo específico para o boa noite ou ficar um pouco na porta do quarto.
Outro recurso útil são os objetos tranquilizadores, que podem ficar próximos aos pequenos durante hora de dormir. Um ursinho de pelúcia, um cobertor leve ou uma foto dos pais podem ajudar, assim como uma luminária para deixar o quarto menos escuro.