Atraso de linguagem – colocar na escola ou na fono?
Hoje vamos falar de um assunto que muitas famílias têm dúvidas: atraso de linguagem. Eu recebo muitos pedidos para abordar mais esse assunto. E quem vai falar a respeito é a nossa colunista maravilhosa, Raquel Luzardo.
Afinal desse texto, assista também um vídeo que tenho com a Raquel para esclarecer ainda mais o assunto.
Atraso de linguagem – colocar na escola ou na fono?
Sabemos que a escola é uma grande aliada no desenvolvimento das crianças e que promove diversos momentos de interação social, de comunicação com os pares, adaptação da rotina, estimulação de habilidades cognitivas, sociais e também de muito aprendizado. E por tudo isso, contribuem muito para o desenvolvimento, inclusive de fala e da linguagem, dos pequenos. Mas a dúvida recorrente que recebo dos pais por aqui é,e quando a criança tem algum atraso de linguagem e fala, coloco na escola e aí não precisa de fono? Ou então, já está na fono, então não precisa da escola?
Vamos lá, a resposta principal para essas perguntas é que uma não anula a outra! A escola e a fono são parceiras e se completam, principalmente nos casos de atraso de linguagem e de fala. Tendo isso em mente, é preciso ficar atento, porque não atingir os marcos esperados do desenvolvimento da fala pode indicar algum problema.
Uma coisa é certa: não tem como garantir que a criança vai começar a falar quando entrar na escola, assim como o primo da vizinha da sua cunhada! É necessário então lembrarmos sempre que cada criança é única, e que ela merece ser comparada com ela mesma. Para uma parte dos pequenos, frequentar a escola pode ajudar com o atraso, porque as variações ocorrem naturalmente, mas para outra parte não é tão fácil, será necessário intervenção. E se não for tão fácil, teremos perdido tempo de estimulação e as janelas de oportunidade do desenvolvimento da criança.
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Vemos diariamente que o atraso de fala se tornou ainda mais evidente e comentado nesse processo de isolamento social que estamos passando. As famosas “crianças da pandemia” sofreram com a falta de estímulos não só em casa, mas de ter vivências de mundo também. Ficaram restritas a apenas um ambiente, tendo contato apenas com os pais, na maioria dos casos sem ver até mesmo os avós, tios, primos e ter momentos de reuniões e viagens com a família. Além de tudo isso, percebemos o quanto o uso de telas foi potencializado durante a quarentena e que tem gerado consequências a curto e a longo prazo no desenvolvimento dos nossos pequenos. Mas nem tudo é “culpa da pandemia”, muitos pequenos já estavam com atraso ou tinham predisposição para tal, então nessa fase acabou sendo potencializado.
Pensando juntas nisso tudo, vemos a importância de retornar sim à rotina escolar ou até mesmo de iniciar, com os mais pequenos. Mas sobretudo, de estar atento aos marcos do desenvolvimento, que nos norteia e nos mostra o que é esperado para cada idade. Se o seu filho tiver um atraso, não espere entrar na escola para ver se fala. O cérebro não espera! Você está perdendo tempo importante do desenvolvimento para estimulação. Tem um atraso? Busque atendimento fonoaudiológico para entender e já intervir. E se quer colocar na escola, coloque sim, ele sem dúvidas estará exposto a muita estimulação, tendo o modelo de fala dos coleguinhas que já falam e tendo momentos de interação, que são ótimos para a estimulação da linguagem e da fala.